O governo do Estado do Rio de Janeiro e a Federação das Indústrias, a Firjan, semearam as regiões norte e noroeste. Decidiu-se fomentar, ali, um pólo de fruticultura irrigada, hoje com 12 mil empregos diretos e mais de 18 mil indiretos. Os frutos já são vistosos. A partir dos campos em que brotam abacaxi, maracujá, goiaba e coco,
nasce também uma fatia rica da economia fluminense.

São lucros que aparecem em garrafas. A Brassumo, em parceria com o conglomerado português Refrigor, trabalha com uma nova unidade de produção e envase de suco pronto para beber. A Bela Joana já produz concentrado de maracujá e abacaxi. E mais: a fábrica de engarrafamento de água de coco da Cooperativa Mista de Quissamã e a Nolasco põem no mercado doces e compotas. É a ponta visível, nas prateleiras dos supermercados, de um fenômeno verde. “É uma pequena revolução, indício de qualidade na agricultura do Estado”, diz Christino Áureo, secretário estadual de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior. “Costumo usar um batido chavão, mas perfeito para o atual cenário: quem não é o maior, tem que ser o melhor”.

Em 2003, pela primeira vez na história, a Ceasa-RJ vendeu mais hortifrutigranjeiros produzidos em território fluminense do que em São Paulo e Minas Gerais. A produção local respondeu por 30% dos negócios, à frente de São Paulo (23%) e Minas (18%).

Mas como, afinal de contas, o Rio transformou uma vocação, a fruticultura, em sucesso real? As regiões norte e nordeste foram premiadas com o projeto Frutificar, que oferece crédito barato aos pequenos trabalhadores rurais e garantia de compra na colheita. São 2% de juros ao ano,
com prazo de oito anos para pagamento, sem aval ou hipoteca. As cifras do
crédito rural retratam a boa acolhida dessa iniciativa. No biênio 1998-1999,
o crédito foi de R$ 17 milhões. Em 2003-2004, chegou a R$ 70 milhões. “Sem
esse tipo de ajuda, não poderíamos plantar”, diz Aluisio Rosa Carius, de 34 anos, produtor de Pati dos Alferes, que há três meses pediu R$ 5.000 para tocar dois alqueires de hortaliças e tomates. “Agora tenho até vontade de plantar mais, porque sei que não perderei dinheiro.”