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Protógenes foi o ponta de lança de uma gangue que usou a polícia com fins privados

LeonardoAttuch

 

No picadeiro da CPI dos Grampos, valeu-se 48 vezes de um habeas corpus para se calar e não dar "nome aos bois", como ele mesmo havia prometido.

O valente delegado, que chegou até a escrever uma carta aberta ao presidente americano Barack Obama, pedindo apoio na luta contra a corrupção mundial e insinuando que o próprio presidente Lula teria sido cooptado por esquemas criminosos, não disse nada minimamente relevante. Mas, nas entrelinhas, acabou revelando as reais intenções da sua Operação Satiagraha, ao afirmar que a criação da supertele nacional foi também o "supernegócio do século".

Quando Protógenes colocou sua tropa de policiais, arapongas e detetives particulares em ação (sabe-se lá pagos por quem), o Brasil preparava um grande casamento empresarial, com propósitos até louváveis, como o de criar uma companhia de capital nacional capaz de enfrentar monopólios mexicanos e espanhóis. Num negócio tão importante como o da supertele, sempre surgem interesses contrariados, que desta vez se aglutinaram em torno do delegado. E Protógenes foi apenas o ponta de lança de uma gangue que tentou usar a polícia com uma finalidade particular, que era melar uma operação empresarial vista pelo governo como estratégica e de interesse nacional.

Ocorre que Protógenes tentou impedir esse grande casamento atirando no alvo mais fraco. Não teve peito de atacar os noivos, Oi e Brasil Telecom, nem o padre que rezou a cerimônia, o BNDES, e muito menos o dono do cartório, que foi a Casa Civil. Preferiu jogar lama na Geni, leiase Daniel Dantas, que estava sendo expulsa à força do baile da telefonia, uma típica festa de família, por suspeita de comportamento inadequado e indecoroso. Deu no que deu.

Quando os donos do poder perceberam as reais intenções do delegado, que se tornaram explícitas no depoimento prestado à CPI na semana passada, ele foi degolado. Hoje, Protógenes está prestes a ser expulso da polícia, mas, se tiver alguma sorte, dentro de alguns anos poderá estar no comando de uma CPI, investido de um mandato parlamentar e sendo chamado de Vossa Excelência pelos indiciados de amanhã. Afinal, o circo brasileiro sempre se renova.