12/01/2005 - 10:00
Ocaso: pela terceira vez, ex-ditador é preso
Pela terceira vez em sua vida, o ex-ditador do Chile, ex-comandante do Exército e ex-senador vitalício Augusto Pinochet Ugarte, 89 anos, está em prisão domiciliar por crimes cometidos durante o regime militar (1973-1990) que ele liderou. Por três votos contra dois, a Suprema Corte de Justiça ratificou a decisão da Corte de Apelações de permitir a prisão domiciliar e o indiciamento de Pinochet, determinada pelo juiz Juan Guzmán, rechaçando alegações da defesa de que o general não teria condições físicas e mentais de enfrentar um julgamento. Em sua casa de veraneio em Los Boldos, a 110 quilômetros de Santiago, o vetusto ex-tirano recebeu a notificação da Justiça de que ele não poderá sair do domicílio – a não ser para tratamento médico – por acusações de um assassinato e nove sequestros realizados sob a Operação Condor, cooperação das ditaduras do Cone Sul para exterminar dissidentes.
Ao contrário das vezes anteriores, quando centenas de partidários da ditadura se fizeram presentes para defendê-lo, desta vez havia do lado de fora do tribunal apenas cinco gatos pingados simpatizantes de Pinochet. O ocaso do homem que comandou o Chile com mão de ferro por 17 anos e até pouco tempo atrás tinha o apoio de grande parte de seus conterrâneos começou em 1998, quando ele ficou em prisão domiciliar em Londres devido a um pedido do juiz espanhol Baltasar Garzón, por crimes de tortura e genocídio. De volta ao Chile depois de 503 dias detido, o general foi recebido com festa por seus pares, mas os tempos eram outros e ele voltaria a ficar sob prisão domiciliar, entre janeiro e março de 2001, desta vez por crimes cometidos na Caravana da Morte, execuções realizadas nas primeiras semanas da ditadura. Em 2002, a Suprema Corte rejeitou seu indiciamento, acatando opinião médica de que o ex-ditador sofria de “demência leve”. Uma entrevista concedida por Pinochet em 2003 a uma rede de tevê em Miami, contudo, levou os juízes a mudar de opinião. Mas a gota d’água, que fez até seus fiéis partidários conservadores lhe virarem as costas, foi a descoberta de que Pinochet tem cerca de US$ 8 milhões depositados numa conta secreta num banco americano.
