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Comprar uma única peça e levar várias opções de roupas para casa. A ideia é um efeito positivo da crise econômica mundial, dizem fashionistas. Com a diminuição do número de desfiles nas semanas de moda de Milão e Nova York, o sinal vermelho acendeu. Estava claro: a moda precisava ficar em dia com a agenda internacional. Surgiu, então, a tendência de roupas que ajudam a desafogar o orçamento, sem perder charme, claro. São peças chamadas versáteis ou funcionais, com duas ou mais opções de uso, tecidos dupla face, zíperes e detalhes que permitem à cliente inovar na criação. Também está na moda repetir roupa, como fez a primeira-dama francesa, Carla Bruni, em recente visita ao Brasil.

"Em tempos de crise, a audácia é o grande truque", ensina a consultora de estilo Hiluz Del Priori. Ela critica a mulher brasileira que considera falta de educação repetir o mesmo modelo. Hiluz afirma que, além de despertar a criatividade, o momento de aperto econômico põe fim a um período de apego exagerado a marcas. Agora, vale mais o espírito democrático das roupas do que aquele que as assina. "É uma forma de estar sempre na moda sem gastar muito", aprova a estudante de marketing carioca Juliana Mussel, 26 anos, que adota as peças funcionais porque são "estilosas".

Na grife carioca Diversa, calças viram blusas; casacos se transformam em bolsas, etc. Já na Muggia, vendida em diversas cidades brasileiras, a opção é pelo tamanho único que permite amarrações que praticamente mudam o modelo. "A arquitetura das roupas está mais inteligente", observa a consultora de moda Renata Abranchs. Para a estilista da marca 2k2, Lucia Karabtchevsky, a revolução envolve formas e tecidos. Seus vestidos, em formato amplo e feitos de tyek, um material leve e maleável, vêm com uma etiqueta-manual explicando como desdobrá-los em, simplesmente, seis looks diferentes.

"Vale para dia e noite, não pesa nem ocupa espaço", diz ela. "O visual é uma forma de expressão. É bom que possa mudar também conforme o estado de espírito", acrescenta Lúcia.

O preço de peças curingas é mais alto que a média – um modelo dupla face, por exemplo, gasta cerca de 30% a mais de tecido. Mas não é necessário comprar com manual de instrução. Muitas vezes, é só olhar com atenção o próprio armário. Dentro dele, há roupas que podem ser experimentadas de muitas maneiras. No mínimo, é divertido.