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EDUCAÇÃO Cinira ensina a alunos do Renovação a ordem dos talheres. Carolina usa guardanapo antes de colocar os lábios no copo

 

As cenas são comuns. No restaurante, a criança come de boca aberta, faz barulho ao mastigar, derruba a comida na mesa. Na festinha do amigo, corre entre as mesas onde estão acomodados adultos que tentam conversar e faz escândalo porque quer abrir o presente do aniversariante. Basta uma rápida incursão no mundo infantil para perceber que grande parte das crianças não conhece regras básicas de etiqueta. Para socorrer as famílias, começa a crescer a oferta de cursos de boas maneiras para menores.

Em São Paulo, por exemplo, o Colégio Renovação dá aulas com esse tema como matéria extra para os alunos.

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As aulas incluem pontos diversos. Nas destinadas a educar as crianças à mesa, elas aprendem que não devem utilizar a taça antes de limpar a boca com o guardanapo e que não é tão feio assim deixar comida no prato. "O que não gostamos pode ficar no cantinho", diz Cinira Estevam, coordenadora pedagógica do Renovação. "Mas a maior dúvida delas é como lidar com os talheres", diz Lígia Marques, consultora de um dos cursos existentes em São Paulo.

Há orientações também sobre como se comportar em aniversários. Os alunos são informados de que não é educado pegar muitos doces e salgados ao mesmo tempo ou pedir um pedaço do bolo antes de cantar Parabéns. Quando o assunto é o uso de ambientes comuns, os professores dão instruções sobre como utilizar os locais sem incomodar os outros.

À primeira vista, parece inacreditável que aulas como essas sejam necessárias. A maioria dos adultos aprendeu noções básicas de etiqueta em casa. Mas a falta de tempo e, em muitos casos, de disposição dos pais atualmente criou essa demanda. A bióloga Tereza Brittes, mãe de Guilherme, 8 anos, que participou de um dos cursos, sofre com a escassez de horas dedicadas ao filho. "Trabalho o dia inteiro e só o vejo à noite", diz ela.

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"Por isso, acho que cursos como esses são importantes." O problema é repassar a responsabilidade, numa espécie de terceirização da educação. "Os pais precisam lembrar que os bons exemplos devem vir de casa", afirma a psicopedagoga Maria Irene Maluf, de São Paulo. "Caso contrário, não há mudança de comportamento."