05/10/2005 - 10:00
Ronald Golias faleceu na terça-feira 27, em São Paulo, aos 76 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Na mesma noite, estiveram em seu velório, no Salão Nobre da Assembléia Legislativa de São Paulo, alguns dos maiores nomes do humor brasileiro. Se a ocasião fosse outra, Jô Soares, Carlos Alberto de Nóbrega, Tom Cavalcanti, Ary Toledo e Silvio Santos convenceriam Golias a dar uma palhinha do Bronco, o cunhado trapalhão da Família Trapo, e a dizer pela última vez o bordão do Pacífico, seu personagem da Praça da Alegria. Ô, Cride, fala pra mãe que só um gigante do riso como ele seria capaz de vencer a tristeza daquele ambiente! Naquela noite, no entanto, ninguém conseguiu rir.
Paulista de São Carlos, Ronald Golias foi alfaiate e funileiro na mocidade. Na
década de 40, já na capital, praticava natação no Clube de Regatas Tietê quando
foi convidado a integrar uma equipe de aqualoucos. As gargalhadas que despertava com seu uniforme listrado e sua máscara de mergulho foram seu passaporte para
a televisão. Após cinco décadas em cartaz, Golias continuava no ar, no SBT, fazendo o Pacífico em A Praça é Nossa, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, e o Bronco
em Meu cunhado. José Simão, vizinho de bairro e colega de padaria, lembrou
os encontros com o comediante em sua coluna na Folha de S.Paulo: “Ele não
fazia tipo, ele era o tipo. Sempre com aquela boca torta do Bronco, barriga de fora,
e todo mundo dando risada!” Aliás, a tal boca torta não era cacoete, mas
resultado de um acidente na piscina do Tietê. Golias deixa a mulher, Lúcia,
63 anos, e a filha, Paula, 38.