07/02/2007 - 10:00
Brasil conta com excelentes estilistas, afinados com tudo que há de novo no planeta fashion. Possui um calendário organizado, com duas semanas de moda: a São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio, vitrines que mostram o que o setor tem de melhor e de pior. Encerrada a temporada nacional do prêt-à-porter que lançou as tendências para o outono/inverno 2007, 70 marcas apresentaram suas coleções nos dois eventos. Um número significativo para um mercado com enormes potencialidades. Mas como quantidade não é sinônimo de qualidade, mais da metade das grifes não faz jus ao carimbo de lançadores de tendências. Armam suas passarelas, chamam os VIPs para a primeira fila e esquecem da vedete deste show: a roupa.
Não basta ter um marketing eficiente nem a melhor vitrine. Vender roupa pode parecer fácil e glamouroso, mas o negócio da moda não tem nada de frufru. É para gente grande, que planeja, ousa e que sabe que a concorrência é dura e qualificada. Sem falar na concorrência desleal dos chineses, que copiam sem pena, e das grandes redes internacionais de varejo, que bebem sem medo da fonte das passarelas.
Não basta fazer parte de um grande evento de moda. É preciso que essa moda tenha uma cara própria e que não seja uma mal disfarçada cópia do que se faz lá fora. É maravilhosa a sensação de sair de um desfile depois de ter visto algo original e que atenda aos dois lados do mundo fashion: o criativo e o comercial. Um bom exemplo é o estilista Ronaldo Fraga, com seu magistral desfile na última edição da SPFW inspirado na China (de novo!). Nas primeiras filas, suas propostas originais e sua estamparia divertida eram copiadas por olheiros de olhinhos puxados, com seus caderninhos e lápis coloridos, travestidos de potenciais compradores e jornalistas. É a globalização do talento e dos riscos. Melhor ser copiado.
Eliane Trindade é Editora da Revista ISTOÉ Gente