28/09/2005 - 10:00
As exportações de carnes – frango, boi e porco – vão superar a barreira dos US$ 8 bilhões este ano, tomando o lugar da soja e seus derivados como carro-chefe das vendas ao Exterior do agronegócio. A estimativa está baseada no extraordinário desempenho do setor este ano, cujas vendas, até agosto, acumulavam US$ 5,240 bilhões. No mesmo período, as exportações de soja somavam US$ 6,567 bilhões, mas praticamente no final da safra. Isso significa que as exportações de soja têm no máximo mais dois meses de grande faturamento, devendo fechar o ano em torno de US$ 8 bilhões. Já as carnes, que somente em agosto representaram o ingresso de US$ 820 milhões, ainda têm mais quatro meses de comercialização a todo vapor, o que torna a previsão do recorde perfeitamente factível.
Para o secretário nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, o crescimento das vendas de frangos, carne bovina e suína verificado desde o ano passado se deve a fatores internos e externos. Entre os primeiros, destaque para o aumento de produtividade, que se reflete na maior oferta de carnes. “Externamente, a epidemia de gripe aviária na Ásia e a doença da vaca louca afetaram a oferta mundial de aves e carne bovina, abrindo espaço para o Brasil”, afirma. No caso dos suínos, a reabertura do mercado russo, que estava fechado por causa de focos de febre aftosa em rebanhos de gado no Pará, deu novo impulso ao setor. Dos 256 frigoríficos inspecionados por uma missão russa que visitou recentemente o Brasil, 200 já estão habilitados para exportar. Isso deve fazer do porco a mais nova estrela das exportações em 2006.
Mas, além da melhoria da produtividade na criação, nos frigoríficos e nas indústrias do setor da carne um outro fator contribuiu para que o faturamento do País com as exportações subisse ainda mais. Paradoxalmente, o dólar baixo, antes considerado um vilão, ajudou os exportadores a ganhar mais dinheiro. O preço médio do frango, por exemplo, subiu quase 30%, enquanto as receitas cambiais – o dinheiro de fora que entra – tiveram alta acima de 28%. Em síntese, com os custos de produção baixos do Brasil foi possível se chegar ao melhor dos mundos: vender mais, por um preço maior. E as coisas ainda vão melhorar. Com a condenação pela Organização Mundial do Comércio das taxas aplicadas pela União Européia ao frango brasileiro, as vendas para os europeus devem crescer. E vender para quem usa euro ou iene, como o Japão, é bom negócio. Essas moedas valem mais do que o dólar.