11/08/2004 - 10:00
Agora está mais próximo de acontecer: aquele carrinho charmoso e caro, possante e cheio de detalhes da Daimler-Chrysler, o Classe A, está se despedindo do Brasil – embora a montadora jure de pés juntos que vai continuar produzindo enquanto houver demanda. O problema é que o modelo não deu muito certo por aqui. Em 1999, quando foi lançado, suas vendas foram de 14.307 unidades – a previsão era de pelo menos o dobro disso. No ano passado, elas despencaram para 6.989 carros. E, nos primeiros seis meses do ano, bateram em 2.994, o que projeta um total ainda menor do que foi vendido em 2003. A decisão deve virar realidade em maio de 2005, quando a fábrica de Juiz de Fora, Minas Gerais, que atualmente produz o Classe A, estará pronta para montar o Smart brasileiro, um quatro portas superjovem que terá 70% de sua produção destinada à exportação para a Europa, América Latina e os Estados Unidos, onde a marca ainda não existe. Os primeiros Smart devem chegar ao mercado brasileiro em 2006.
Para tentar dar um freio nas notícias sobre o fim do Classe A, a Daimler-Chrysler, dona da marca Mercedes, chegou a antecipar a apresentação da versão 2005. Desde o final do mês passado, as concessionárias da marca estão comercializando os novos carros. Os modelos 2005 sofreram apenas mudanças cosméticas como grupos ópticos – luzes dianteiras e traseiras – e novos pára-choques e frisos laterais.
O Smart que será fabricado em Juiz de Fora já tem o nome provisório de Formore e medidas de carro popular: 2,5 metros de comprimento, 1,79 de largura e 1,45 de altura. A fabricação do modelo, segundo as estimativas, criará 1,2 mil empregos. O Classe A não deu certo? A empresa admite que quando decidiu produzi-lo no Brasil tinha projetos diferentes do que tem hoje. Além disso, a preferência dos consumidores brasileiros recaiu sobre os carros populares, menos sofisticados, mas bem mais baratos. A versão mais em conta do Classe A sai por R$ 41,8 mil.
Já o anônimo mercado automobilístico diz que a produção do carro tem um custo muito alto e não compensa para a empresa. Também tem o problema da valorização do dólar (o carro tem muitos componentes importados) e o nicho de carros com maior valor agregado – caso do Classe A –, que ficou comprimido devido à concorrência cada vez maior. Mas o que pegou mesmo foram as vendas muito baixas. De janeiro de 1999, quando foi lançado, a junho deste ano foram vendidas 57.181 unidades no Brasil, abaixo da capacidade de produção anual da fábrica, que é de 60 mil carros.
O público feminino, especialmente, vai ficar numa espécie de viuvez. As mulheres adoram seu “mercedinho”. No mínimo porque a estrela da marca dá prestígio e, nesse caso, até que é acessível para a classe média em ascensão, louca por símbolos de status. Elas não viram ainda o Smart. Embora a empresa diga
que o modelo que será fabricado no País não tem similar no mundo, ele deve
seguir o estilo do Forfour fabricado na Holanda. Pintado com duas cores, painel de estilo futurista, tração nas quatro rodas e consumo de gasolina modesto: 16,6 quilômetros por litro na cidade. Só o porta-malas que é pequeno, bem pequeno. Como deverá ser o preço..