11/08/2004 - 10:00
Duas reportagens desta edição são exemplos concretos de que o País começa finalmente a decolar. A Embraer, quarta maior fabricante de aviões do planeta, foi anunciada, na segunda-feira 2, como a vencedora da bilionária concorrência para fornecer aeronaves ao sistema de defesa dos Estados Unidos. Serão 57 aviões montados na plataforma do ERJ 145 – usado, pelo Sivam, para a vigilância
na Amazônia, com o nome 145-AEW & C – a um preço total entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.
A outra ótima notícia foi dada pelo telefone ao presidente Lula, na tarde do sábado 31 de julho, pelo ministro das Relações Exteriores: “Presidente, ganhamos tudo”, disse ele, eufórico. Celso Amorim referia-se ao resultado da batalha travada na sede da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, na Suíça. Traduzida em dólares, a alegria de Amorim significa um aumento de US$ 10 bilhões em nossas exportações, graças à atuação brasileira no embate que, ao final de cinco dias de negociação, conseguiu a redução progressiva dos subsídios agrícolas praticados pelos Estados Unidos e pela União Européia, nossos adversários nessa guerra comercial. Na poupança da auto-estima nacional deposita-se o fato de o Brasil ter sido o líder dos vencedores, entre eles a Austrália, a Índia e os nossos parceiros do Mercosul.
A recuperação, tudo indica, já começou. E com consistência. Aos fatos acima relatados acrescentem-se os números divulgados pela Confederação Nacional da Indústria, que mostram o crescimento de 16,79% nas vendas no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A massa salarial, também segundo a CNI, teve um aumento real de 8,91% desde junho de 2003. Evidentemente, há muito ainda por fazer, há gargalos na infra-estrutura, os tributos ainda são estratosféricos – assim como os juros –, o desemprego é alto e as diferenças sociais vergonhosas. Mas, como foi dito, estamos decolando.
E a crise por que passa o governo, desde que ISTOÉ – uma revista que acredita e aposta no Brasil, como sempre dizemos aqui, mas é bom que se repita – publicou em sua edição 1816 as suspeitas sobre integrantes do governo envolvidos em peripécias fiscais, tem de ser tratada como tal: uma crise. E como tal tem de ser resolvida. Porque se assim não for continuará crise. E a saída de Candiota, um dos diretores do Banco Central, mostrou que a troca de funcionários do governo não vai abalar, nem mesmo ameaçar, o rumo consistente que o País está tomando em direção a seu desenvolvimento e a sua vocação de liderança internacional.