11/08/2004 - 10:00
Uma equipe maior, mais madura e com chances de sair da festa numa posição melhor do que o 52º lugar de Sydney 2000. Eis o perfil da delegação recorde do País (245 atletas, sendo 123 homens e 122 mulheres), que disputará a 28ª edição da Olimpíada, em Atenas, entre 13 e 29 de agosto. A novidade do time é que, desta vez, além dos favoritos, é maior o tamanho do segundo escalão, formado por atletas capazes de surpreender, aproveitar as eventuais falhas dos favoritos e beliscar um lugar no pódio. Quatro anos atrás, ISTOÉ acertou o total de medalhas (12) conquistadas pelo Brasil em Sydney. Além do que deu, não havia muito o que esperar. Hoje, a equipe da revista estabelece 11 chances concretas de medalha – cinco delas com chances fortes de ouro – e mais dez casos em que o final, com sorte, poderá ser feliz, no pódio.
No grupo dos cinco estão a ginasta Daiane dos Santos, no solo, o vôlei masculino, o iatista Robert Scheidt, na classe Laser, o cavaleiro Rodrigo Pessoa e a dupla de vôlei de praia masculina Ricardo e Emanuel. Daiane está no grupo devido às informações oficiais vindas da equipe de ginástica. Após vencer o Mundial de Ginástica, espantando o mundo nos exercícios de solo com saltos mortais inacreditáveis, passou a ser favorita ao ouro. Mas uma dor no joelho operado na surdina há 40 dias tornou-se a preocupação. Se as dores forem apenas fruto da recuperação da cirurgia, ela tem tudo para aterrissar no topo do pódio. A avaliação será outra se o caso for mais grave.
No vôlei masculino, a supremacia que a equipe comandada por Bernardinho mostrou na Liga Mundial e nos últimos 30 torneios disputados dá respaldo a um dos maiores favoritismos ao ouro na delegação. Um conjunto homogêneo, acompanhado de perto apenas pelos campeões olímpicos Sérvia-Montenegro. Na mesma situação está a dupla Ricardo/Emanuel, campeã do circuito mundial. Das areias para o mar, tudo indica que chegou a vez de Robert Scheidt ganhar o segundo ouro olímpico. Este ano, conseguiu seu sétimo título mundial. Além disso, seu adversário histórico, o inglês Ben Ainslie, que lhe tomou o ouro em Sydney, compete agora na classe Finn.
A quinta chance volta a ser Rodrigo Pessoa e seu cavalo Baloubet de Rouet. Depois de entrar na final em Sydney com a medalha no bolso, Rodrigo viu Baloubet, com um problema nas costas, refugar três vezes um obstáculo fácil. Com o animal novamente em forma, voltou a colecionar títulos e ser candidato. Ligeiramente abaixo no favoritismo ao ouro, mas com possibilidade de conquistá-lo, estão a equipe feminina de vôlei, campeã do Grand Prix 2004 no domingo 1º, a dupla da praia Adriana Behar e Shelda e, pelo talento incontestável, apesar de não virem de uma sequência de resultados brilhantes, a dupla de iatistas da classe Star Torben Grael e Marcelo Ferreira. No vôlei feminino, o equilíbrio entre pelo menos seis equipes (Brasil, China, EUA, Cuba, Itália e Rússia) torna a tarefa mais difícil do que a dos homens. As veteranas Adriana e Shelda irão enfrentar duplas americanas jovens e a própria idade. Mas ainda podem sonhar com o ouro.
Na natação, o jovem Thiago Pereira, 18 anos, dos 200m e 400m medley, onde superou a marca histórica de Ricardo Prado, só não é favorito ao ouro porque terá pela frente o fenômeno americano Michael Phelps, candidato a bater o recorde de sete ouros de Mark Spitz em 1972. Jadel Gregório, herdeiro da tradição brasileira no salto triplo, apresenta-se como dono da melhor marca do ano: 17,85m. Mas, para chegar ao ouro, precisará ter a regularidade do sueco Christian Olsson, que superou os 17,40m em nada menos que 22 competições este ano.
O judoca Carlos Honorato é o principal nome de uma equipe cercada de expectativas. Seus colegas Mário Sabino, Henrique Guimarães, Daniel Hernandes e, no feminino, Edinanci Silva foram colocados no segundo escalão. Dois atletas são premiados com o bronze na modalidade. Completam a lista o hipismo por equipe, o futebol e o basquete femininos, o revezamento 4 x 100 livres masculino no atletismo, o corredor de 110 m com barreiras Redelen dos Santos e a dupla de vôlei de praia Márcio e Benjamim.
O recorde brasileiro são as 15 premiações (três ouros, três pratas e nove bronzes) de Atlanta 1996. Na sua edição mais recente, a revista americana Sports Illustrated, sem medo de errar, divulga seus favoritos em todas as delegações. Mais otimista que ISTOÉ, aposta que o Brasil trará 12 medalhas: quatro ouros (Scheidt, vôlei masculino, Ricardo e Emanuel e Daiane), três pratas (Honorato, Márcio e Benjamin e Thiago Pereira nos 200m medley) e cinco bronzes (Sabino, Hernandes, Edinanci, vôlei feminino, e a dupla de praia Adriana Behar e Shelda). Tendo Sydney como base, seria uma beleza. Mas, como vimos, se os santos e os anjos da guarda dos brasileiros trabalharem no limite, a previsão pode ser até modesta. Há que torcer.