11/08/2004 - 10:00
Uma idéia na cabeça e um chinelo no pé. Não precisa mais do que isso para se fazer ecoar um grito de socorro. A nova estratégia para sensibilizar consumidores de todo o mundo para a preservação ambiental é estampar animais em extinção no solado de Havaianas, a marca que virou sinônimo de sandália de dedo. O projeto apareceu pela primeira vez em uma prancheta da ONG Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas). “O que tínhamos em mente era a possibilidade de se usar a presença das Havaianas nos pés de praticamente
todos os brasileiros para uma atividade de educação ambiental. Seria uma forma de apresentar algumas espécies ameaçadas ainda pouco conhecidas”, conta o diretor científico do instituto, Claudio Padua. A proposta se transformou na linha Havaianas Ipê, que acaba de chegar ao mercado. Administrador de empresas e biólogo, Padua foi um dos responsáveis pela escolha dos três animais que inauguram a coleção. “São espécies ameaçadas com as quais o instituto trabalha. O mico-leão-de-cara-preta faz parte da lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Além dele, escolhemos o peixe-boi, que representa a Amazônia, e uma ave, o papagaio-de-cara-roxa”, diz.
O design dos novos produtos foi feito pela Almap e anuncia o início de uma jornada engajada. “Existem planos de dar continuidade à linha. Começamos com três modelos para sentir a resposta do mercado. Já temos protótipos de Havaianas com desenhos de onça, anta e mico-leão-preto, mas isso não quer dizer que serão estes os próximos”, adianta Padua. Segundo Paulo Lalli, diretor para Havaianas na São Paulo Alpargatas (dona da marca), será a possibilidade de os consumidores adquirirem todos os modelos, como se fossem objetos de colecionador. “Eles contribuirão com uma causa ao levar para casa nossos produtos”, diz.
Não é a primeira vez que Havaianas empresta suas tiras a outros eventos e empresas. Atualmente, mantém uma linha em parceria com a badalada loja Daslu e, a cada edição do São Paulo Fashion Week, desenvolve modelos inspirados nas coleções de alguns estilistas. No ano passado, firmou parceria com a Coca-Cola. “Estamos sempre atentos para avaliar o tipo de valor que essas parcerias agregam à nossa marca”, conta Lalli. “Mas pela primeira vez criamos algo parecido com um instituto sócio-ambiental. Era uma idéia que martelava havia
algum tempo na minha cabeça”, completa. Cada par será vendido por R$ 18 em média e embalado em uma caixa de papel reciclado com furos redondos – como se guardassem um animal dentro que, para continuar vivo, precisasse respirar. Os novos modelos estarão espalhados pelos 63 países onde existem pontos-de-venda de Havaianas e 7% da renda líquida será empregada nos projetos de educação ambiental do Ipê. O mico, o peixe-boi e o papagaio agradecem.