Usar célula-tronco para mudar a textura do
cabelo ou o formato do rosto ainda não é
possível. Mas utilizar essas versáteis estruturas
para dar uma melhorada na pele já é uma façanha bem mais próxima de ser realizada. No Rio de Janeiro, o médico Gerson Cotta-Pereira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o cirurgião plástico Ricardo Cavalcanti estão conduzindo uma pesquisa para fabricação de colágeno humano a partir de células-tronco. O estudo é pioneiro no País e, se for bem-sucedido, representará um avanço na área da beleza. Os pesquisadores obterão a melhor receita de produção de uma das fibras mais importantes para a saúde da cútis, a que lhe dá sustentação. E usando como matéria-prima células-tronco do paciente, o que evita rejeição.

O estudo está sendo realizado na Santa Casa de Misericórdia do Rio. O processo começa com a retirada de um fragmento de pele de trás da orelha (local mais escondido). Dessa amostra, são extraídas células-tronco presentes no entorno dos vasos sangüíneos que irrigam a derme (camada da pele). Estimuladas corretamente, essas estruturas transformam-se em fibroblastos, células que sintetizam o colágeno. O material fica estocado em um tanque de nitrogênio líquido. “Simulamos in vitro as mesmas condições em que o organismo produz o colágeno”, explica Cotta-Pereira.

A idéia é usar o colágeno para combater a flacidez e preencher rugas. O médico Cavalcanti desenvolve estudos para checar sua durabilidade e definir maneiras eficientes de acondicioná-lo e de aplicá-lo. A toxina botulínica, por exemplo, perde eficácia se for injetada 15 dias após a abertura do frasco. “O produto deverá durar um ano, um ano e meio. Mas, como faremos um banco de colágeno personalizado para cada cliente, poderão ser feitas várias reaplicações”, diz Cavalcanti. A má notícia é que o produto só deverá estar disponível para uso daqui a dois anos.