18/08/2004 - 10:00
Seguindo as pegadas de Michael Moore e seu cinema baseado em uma câmera na mão e uma resposta na cabeça, o diretor estreante Morgan Spurlock, 41 anos, resolveu provar que a fast-food é a principal causadora da progressiva obesidade do povo americano. Foi a campo e comeu durante um mês três refeições diárias na rede McDonald’s. O resultado devastador está no documentário Super size me (idem, Estados Unidos, 2004), que estréia em São Paulo e no Rio de Janeiro na sexta-feira 20. Nele, o diretor quis provar que o consumidor é tão palhaço quanto o símbolo da cadeia de fast-food.
A idéia surgiu quando Spurlock ficou sabendo que a empresa McDonald’s – que tem três mil lanchonetes espalhadas pelo mundo – estava sendo processada por duas adolescentes que alegavam ter seguido a dieta proposta pelo palhaço de peruca vermelha e, com o tempo, se transformaram em mini baleias. Acompanhado de três médicos, o camicaze alimentar, que fez um check-up antes da aventura, constatando estar em perfeitas condições, engordou vertiginosamente – dez quilos ao final da experiência. Também passou a apresentar problemas de saúde, alguns deles diagnosticados como irreversíveis. Em meio ao périplo nada gastronômico, Spurlock aproveita para fornecer alguns dados. Por exemplo, o hambúrguer tradicional aumentou brutalmente de tamanho. Ainda há o pequeno, mas a rede enfia goela abaixo do consumidor o tal super size do título, ou seja, um hambúrguer gigante, alegando ser mais barato no conjunto das ofertas.
No seu levantamento, o cineasta ainda apurou que o americano médio, além de ingerir calorias em quantidades astronômicas, não faz exercícios. Um profissional liberal que trabalhe em escritório e seja motorizado raramente caminha mais do que 2.500 passos por dia. Repleto de momentos divertidos, como o que sugere a perseguição aos obesos na mesma proporção dos fumantes, e outros de gosto duvidoso, como a cirurgia de redução de estômago, o documentário rendeu o prêmio de direção a Spurlock no Festival do Filme de Sundance deste ano. Mas, na prática, não funcionou muito. As adolescentes perderam o processo e o McDonald’s alega em seu site que Morgan Spurlock fez uma dieta irresponsável, por decisão própria. Mas ao menos o cineasta pôde comemorar o fim dos produtos super size. E, claro, toda a polêmica e sucesso alcançados pelo seu filme.