18/08/2004 - 10:00
Num semestre em que o País pôs um pé tamanho 33 no crescimento econômico, o setor têxtil – ao lado da agricultura – deu uma volta olímpica nas dificuldades, ganhou muito dinheiro e criou 37.849 postos de trabalho, número superior ao previsto para todo o ano e 492% maior do que os números do mesmo período em 2003. Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e candidato de oposição na acirrada concorrência à presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), explicou na última semana que “esse movimento é atribuído principalmente à política de incentivos às exportações levada adiante pela associação”. Planos audaciosos para os próximos quatro meses: chegar a um volume de exportações de US$ 2 bilhões e 50 mil empregos (o setor é o segundo maior empregador do País).
Juntos, os fabricantes da indústria têxtil tiveram um desempenho extraordinário
lá fora. De janeiro a julho, as vendas atingiram US$ 1,052 bilhão, 23,73% a mais
do que o mesmo período de 2003. Adivinhe a que os compradores têm dado preferência: nossa ousada “moda praia”, para vestir (ou despir) as belas italianas e as conservadoras americanas. Claro que a balança comercial têxtil nesse clima balançou a favor do setor, que registrou um superávit de US$ 230 milhões nos sete primeiros meses de 2004 (em 2003, a conta de exportações menos importações no mesmo período foi de US$ 194 milhões). Isso também foi proporcionado por investimentos que cresceram 20% neste ano, por esse inverno que começou com temperaturas de verão e nos últimos dias atinge em alguns lugares temperaturas
de inverno europeu, e pela implantação, pela Abit, do programa estratégico da
cadeia têxtil, o TexBrasil, que promove os produtos brasileiros em feiras internacionais, além da organização profissional das empresas. Para 2008 o projeto é alcançar US$ 4 bilhões de exportações.
Entusiasmado com o desempenho das exportações no primeiro semestre, Skaf volta-se agora a parceiros não tradicionais, como Oriente Médio, Rússia e Leste Europeu, amparado num acordo bem-sucedido com a Argentina, selado no início do ano com empresários daquele país. Pelo acordo, o Brasil exportará ao país de Maradona 15 mil metros lineares de tecido usado para a fabricação de jeans – acordo duro de acertar porque os argentinos queriam redução das exportações brasileiras para oito milhões de metros.
Por essa e outras vitórias como empresário e presidente de uma associação de classe importante é que Paulo Skaf acredita que tem tudo para vencer as eleições
da Fiesp no próximo dia 25. Dos 122 votos que serão dados, ele acredita que
tem 74. Os votos serão sigilosos, o que não impede que eleitores dos dois lados façam o que quiserem na hora da eleição. Skaf já programou um café da manhã
com seus aliados. Comemoração antes da hora? “Não”, diz sua assessoria de imprensa. “É um encontro com quem o apóia.” Ou uma artimanha de marketing, matéria que ele tira de letra.