Grupo Corpo (São Paulo, Teatro Alfa, 29; Rio de Janeiro,
Theatro Municipal, de 2 a 6 de setembro; Belo Horizonte,
Palácio das Artes, de 9 a 13; Brasília, Teatro Nacional
Cláudio Santoro, de 16 a 20) – Sob um facho de luz, o casal romântico entrelaça pernas, funde corpos, desfaz-se em rodopios para em seguida se recompor ao som das canções de amor assinadas pelo pianista e compositor Ernesto Lecuona (1895-1963), chamado de o Gershwin cubano. Elas integram a nova coreografia Lecuona do mineiro Grupo Corpo, que, desde 1992, não fazia espetáculos a partir de músicas já existentes. Cada uma das 12 composições selecionadas serve a um pas-de-deux executado por mulheres enfiadas em vestidos coloridos, de decotes generosos, e por homens trajados de preto. É assim que, sem cair nos clichês da sensualidade latina, o coreógrafo Rodrigo Pederneiras vai encantando a platéia até chegar à surpresa final, com uma coreografia conjunta de tirar o fôlego. (Ivan Claudio)

Discos

Final straw, com Snow Patrol (Universal Music) – Depois de dois discos sem muita identidade, o quarteto escocês chega a uma sonoridade mais consistente em 12 canções que vão de baladas tristonhas ao rock energético. Sem muita parafernália, a não ser um teclado, algumas cordas e esparsos efeitos eletrônicos, a banda do vocalista e guitarrista Gary Lightbody segue o modelo alternativo que nunca deixa a cena musical britânica cair no marasmo. Embora às vezes soe como o Radiohead dos tempos em que ainda não havia brigado com as guitarras, as influências do Snow Patrol vêm ainda mais de longe, remontando ao velho e bom Pink Floyd. Relevadas as lembranças imediatas, o que se tem é um grupo bem inspirado. (Ivan Claudio)

One soul now, com Cowboy Junkies (Sum Records) – Nos seus 18 anos de estrada, a banda canadense dos irmãos Margo (vocal), Michael (guitarra) e Peter Timmins (bateria) e do amigo Alan Anton (baixo) vem agradando com sua mistura de country, blues e folk. É um som narcótico, acentuado pela voz etérea de Margo, que, até se agregar aos outros e lançar o primeiro disco em 1986, nunca havia cantado em público. Agora, pequenas mudanças se avizinham. A guitarra ficou mais encorpada, os rocks melodiosos ganharam mais peso e as melodias se despiram um pouco da letargia. O resultado é um álbum sedutor, sinistro em alguns momentos, porém de construção sonora bastante peculiar. (Apoenan Rodrigues)

Cinema

Voltando para casa (em cartaz em São Paulo e no Rio de Janeiro na sexta-feira 3) – Baseado em fatos reais, este drama da polonesa Agnieszka Holland acompanha as transformações de uma canadense cuja vida vira de ponta-cabeça com a traição do marido e a descoberta do câncer do filho pequeno. Longe do sentimentalismo barato, Agnieszka tenta compreender no desespero da mãe, na culpa do pai e na inocente aceitação do menino as possíveis forças nas quais uma família se estrutura (Ivan Claudio)