Para quem acredita que a liberdade não tem preço, talvez os valores cobrados pelos jeans do momento não assustem. Isso, é claro, se a tal liberdade for resumida a uma calça azul e desbotada, como dizia a lendária campanha publicitária. Do contrário, o impacto pode ser grande. Para se ter uma idéia, o preço médio de um único par de jeans feminino das grifes internacionais que invadem o mercado brasileiro é de R$ 800. Valor difícil de ser assimilado, mas facilmente gasto por mulheres ávidas por seus mais novos objetos de desejo. Mas, ao contrário do que se possa imaginar, elas não pagam para exibir etiquetas. Muitos desses jeans não exibem as logomarcas e outros – como a californiana Earl Jeans (R$ 848*) – nem sequer têm uma. Os logos são discretos e normalmente se escondem no cós da calça – como acontece com a americana Corleone (R$ 1.198*). E, embora cada grife tenha sua característica, muitas vezes é preciso reparar nas diferenciadas – e já copiadas – costuras dos bolsos para detectar um desses jeans.

Se as etiquetas nem sempre aparecem e o preço é proibitivo, tudo levaria a crer que por aqui a moda não ia pegar. Que nada. O luxo caiu nas graças das brasileiras. Prova disso é a quantidade de peças vendidas por mês pela grife italiana Diesel. Pelo menos 600 calças do modelo HUSH (R$ 1.030*) – o mais desejado Diesel do mundo – são comercializadas mensalmente por aqui. A procura, segundo Esber Hajli, proprietário da marca no Brasil, se deve a alguns fatores, incluindo o peso do nome Diesel. “Acredito que a etiqueta mais aparente e a modelagem, que veste bem, sejam os principais responsáveis por este sucesso”, aposta Hajli. Vestir bem, inclusive, é o argumento usado por muitas consumidoras para justificar o deleite e também pelas empresas para legitimar o custo de seus produtos. A concorrência entre as grifes é temperada pela disputa da melhor modelagem. Mas, à primeira vista, todas as marcas cobiçadas têm design bastante parecido: cintura e bolsos traseiros baixos, e caimento próximo do corpo por conta da pequena porcentagem de 2% de poliamida na composição da trama do tecido.

Contudo, em alguns casos, as diferenças são tão sutis que mesmo na prova passam despercebidas. É o que acontece com as grifes americanas Seven (R$ 868*) e Cityzens of Humanity (R$ 952*). No cabide ou no corpo ambas são praticamente idênticas. Dizem que tanta semelhança é fruto de uma parceria mal-sucedida. A Seven foi criada por uma dupla de americanos em 2000. No ano seguinte, os parceiros se separaram e um deles fez a Cityzens. O desentendimento comprova a competitividade do setor. “Todo mês surge uma nova marca. Tenho que ficar atenta”, diz Donata Meirelles, diretora de importados da butique Daslu de São Paulo.

Tanto esmero não é exagero. Nos últimos meses, por exemplo, dois lançamentos chegaram ao Brasil: True Religion (R$ 1.268*) e Joe’s (R$ 1.688*). Esta última, com um adendo especial. Seguindo a tradição das empresas de alto luxo, a linha de modelos vintages possui números de série em cada peça. E, assim como os demais jeans elitistas, o Joe’s pode ser comprado em multimarcas chiques do País. Já que, com exceção da Diesel, nenhuma das marcas tem loja própria no território nacional. Pelo menos por enquanto.

* preços fornecidos pelas lojas Club Chocolate e Wardrobe em agosto de 2004.