29/09/2004 - 10:00
O presidente Lula honrou, na quinta-feira 23, a sua fama de homem justo. Na semana anterior ele teve uma polêmica participação na inauguração de uma obra em São Paulo, quando ocupou um palanque e não economizou elogios nem usou de discrição para declarar sua preferência de voto na capital paulista. O fato de ele envolver-se na campanha de reeleição da prefeita Marta Suplicy não deveria causar problemas. É evidente que vai apoiar e votar nos membros de seu partido. O que pegou mal foi ele ter inaugurado uma obra feita com dinheiro público e, também, ter se locomovido gastando numerário que não saiu dos cofres de seu partido. Aí a coisa não ficou muito bem. Mas, como se disse acima, o presidente é um homem justo e, reconhecido o deslize, voltou atrás e pediu desculpas. O que é muito louvável. Ele foi coerente com o que disse em várias ocasiões, antes de tomar posse: não teria problemas em reconhecer seus erros.
A reportagem de capa desta edição mostra que a paciência geral começa a dar demonstrações de fadiga com o excesso de ortodoxia na economia. Várias greves estão pipocando como resposta à demora em repassar os bons números da economia para os necessitados bolsos dos trabalhadores. Subir juros virou um ato patológico. Os números do IBGE teimam em desmentir as atas que explicam os temores do pessoal do Copom. E agora, como se não bastasse, inventaram um superávit de 4,5% do PIB, maior do que aquele de 4,25% já considerado superconservador. O presidente Lula precisa continuar a manter sua coerência e corrigir os erros de seus assessores, pois a tolerância dos trabalhadores já emite preocupantes sinais de alerta.