06/10/2004 - 10:00
Apoiado no sucesso alcançado mundo afora, O melhor que pode acontecer a um croissant, do espanhol Pablo Tusset (Francis, 320 págs., R$ 41), traz na capa a advertência de que “500 mil pessoas já morreram de rir com este livro” – e aí está o grande equívoco da obra. A aura de suposta comicidade acaba dispersando a atenção do romance policial que é o verdadeiro núcleo. As piadinhas do narrador não são capazes de provocar risos – ao contrário, são tão repetitivas do perfil grotesco e nauseado do protagonista que superfaturam as páginas. Tirando isso, o enredo é bem encadeado e o final, surpreendente.
O protagonista, homônimo do autor, é um adolescente velho. Com mais de 30 anos, vive à custa da família e suas principais ocupações são navegar na Internet, beber, dormir e engordar. Chega a ser infantil sua alegria em viver em um apartamento em que roupas sujas, jornais velhos e restos de comida convivem sem espaços delimitados. Mas é esse sujeito avesso a bons comportamentos que acaba salvando o irmão mais velho – ironicamente chamado de The First – de um estranhíssimo sequestro. E o que o nome do livro tem a ver com a história? É que a senha de felicidade para Pablo é lambuzar um croissant de manteiga antes de degustá-lo.