Antes da divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento instalou-se um debate entre economistas e políticos. O PAC seria o sinal definitivo de rompimento com o modelo implantado no governo FHC e mantido na gestão de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda? Ou seria o marco inicial de um período de expansão do País? Pois bem, do jeito que foi desenhado, o PAC, por enquanto, não é nada. Na melhor das hipóteses, trata-se de um conjunto de boas intenções. Isso porque seu sucesso depende da confirmação de uma longa série de pré-requisitos. O plano dará certo se o Congresso Nacional aprovar todas as ações propostas, se o PIB crescer 5% ao ano, se os empresários se motivarem a investir, se as centrais sindicais aceitarem o uso do FGTS. Enfim, se, se e se… No dia seguinte, o governo já admitia mexida no pacote para acalmar os ânimos dos governadores. Dos R$ 500 bilhões de investimentos prometidos no evento de segunda-feira 22, mais da metade está submetida a condicionantes. Daí porque o PAC foi recebido com certo desânimo e ceticismo.

Mas a raiz dos problemas do PAC encontra-se justamente no que ele deveria ser e não é. Em lugar do PAC o governo precisa realmente de uma política econômica, na qual medidas voltadas para o desenvolvimento, como as sugeridas pelo plano, estivessem integradas com outras premissas fundamentais para tirar o País do estado de letargia econômica que perdura há anos. Afinal, todos sabem que o PAC será inócuo se o processo de redução nas taxas de juro persistir no ritmo sonolento dos últimos anos. Ou se não se buscar uma solução definitiva para o déficit da previdência social. Caso não encare de frente esses desafios, o plano de boas intenções lançado por Lula e seus ministros não passará disso, mais um plano de boas intenções.

Joaquim Castanheira é Editor Executivo da Revista ISTOÉ Dinheiro