Todos os verões, o cientista americano Lawrence Rome dedicava horas estudando a engenharia por trás dos músculos que movem o esqueleto de peixes e de sapos. Pesquisador de biomecânica no Laboratório de Biologia Marinha da Pensilvânia, ele e mais três colegas inventaram uma mochila que aproveita a energia da caminhada para gerar eletricidade. Pensada para servir a cientistas, aventureiros e soldados, ela recarrega a bateria do celular, é guiada por satélite com um GPS e vem equipada com tocador de mp3, instrumentos para visão noturna e computador de mão (PDA).

O pulo-do-gato do protótipo feito pela empresa Lightning Packs e testado por seis voluntários, está em aproveitar o movimento de sobe e desce dos quadris. Isso porque, a cada passo que uma pessoa dá, seu quadril se desloca entre dois e sete centímetros para cima e para baixo. A partir desse remelexo, a mochila com peso de 38 quilos conseguiu produzir mais de sete watts de energia. O suficiente para manter ligados vários aparelhos eletrônicos e de comunicação. Tipicamente, dizem os pesquisadores, os telefones celulares ou mesmo os visores noturnos precisam de menos de um watt de energia para funcionar.

Presa aos ombros como uma mochila qualquer, a usina portátil de energia funciona com molas que suportam o peso e obedecem ao movimento do corpo, conforme os passos dados. Esse vai-e-vem mecânico do compartimento de carga da mochila durante a caminhada é convertido em eletricidade. E poderia aliviar um dos maiores problemas dos soldados em campo de batalha: o peso das mochilas, que muitas vezes ultrapassam os 30 quilos recomendados.

Durante a guerra do Afeganistão, o departamento de pesquisa militar dos Estados Unidos sondou o professor Rome sobre o uso de seu conhecimento sobre músculos motores no desenvolvimento de uma alternativa que ajudasse os soldados a carregar menos peso. Os combatentes chegam a levar nas costas
até dez quilos só em bateria sobressalente para manter funcionando os equipamentos high tech, como GPS, aparelhos de visão noturna e de comunicação. Por mais que tenham evoluído, as baterias ainda são pesadas e duram pouco. Enquanto os novos aparelhos de alta tecnologia são vorazes consumidores de energia. Os soldados que o digam.