Max G Pinto

1- Ronaldo, 68 anos, despachante aduaneiro, 2- José Carlos, 46 anos, publicitário, 3- José Gomes, 60 anos, supervisor de benefícios, 4- Gregório, 54 anos, diretor de operações, 5- Rogério, 52 anos, jornalista e executivo, 6- Antônio Carlos, 62 anos, corretor de imóveis, 7- Sérgio, 51 anos, consultor de previdência, 8- Maércio, 54 anos, decorador

Observe com atenção a foto que ilustra estas páginas. Você diria que esses personagens estão preocupados com a andropausa? A resposta é sim. Principalmente porque a maioria ainda tem muitas dúvidas sobre o assunto. “O termo impressiona, mas não esclarece muito. Deveria haver mais informação”, afirma o decorador Maércio dos Santos, 54 anos. Na verdade, a primeira coisa a saber é que a andropausa existe de fato. Atinge de 15% a 20% dos homens acima dos 45 anos e é caracterizada por uma queda vertiginosa na produção de testosterona, o hormônio responsável pelas características masculinas. Os efeitos podem ser duros. Há queda no desejo sexual, perda de massa óssea e cansaço exagerado, entre outros sinais. O consultor de previdência Sérgio Benatti, 51 anos, passou por maus bocados. “Aos 45 anos fiquei deprimido, sem desejo sexual. Tive dificuldades de concentração e desmaios. Fui a vários médicos até que um deles mediu as taxas de testosterona. E elas estavam bastante baixas”, conta ele.

É importante entender que a andropausa só pode realmente ser diagnosticada se a diminuição na produção de testosterona for muito grande. Afinal, há uma queda natural na quantidade do hormônio a partir dos 40 anos, mas de apenas 1% por ano, na média. Todos os homens passam por isso, mas nesses casos não há alterações brutais. É o que acontece com Rogério Brandão, 52 anos, jornalista e vice-presidente de Novos Negócios da AOL. “Sei que não tenho mais o ritmo dos 20 anos, mas estou descobrindo novos prazeres. Namoro uma mulher madura e estou numa fase produtiva”, conta.

Para chegar ao diagnóstico correto, é preciso fazer a dosagem de testosterona no sangue e associá-la a um conjunto de sinais clínicos. Se der positivo, há a alternativa da reposição. No Brasil, muita gente já adota a estratégia por meio de adesivos, implantes, injeções intramusculares e gel. Mas os médicos denunciam que há um consumo exagerado dessas substâncias. “Bem indicado, o hormônio pode ser um ótimo recurso. Mas há um modismo que induz a uma compreensão errada do termo andropausa e estimula o uso desnecessário e perigoso dos hormônios. Por trás disso estão interesses da indústria de remédios”, afirma o urologista Eric Wroclawski, presidente eleito da Confederação Panamericana de Urologia. A utilização indevida pode causar sérios problemas. Os comprimidos aumentam o risco de casos de câncer de fígado, onde são metabolizados. Além disso, o hormônio pode elevar os níveis de colesterol ruim e as chances de câncer de próstata.

Ciente de que a reposição traz certos riscos, o corretor de imóveis Antônio Carlos de Lima, 62 anos, trocou suas doses por outros cuidados. “Usei adesivos e implantes para melhorar a aparência, mas não tinha uma deficiência hormonal. Agora escolhi a ginástica, os cosméticos, a medicina estética e a dieta. Quero envelhecer bem”, diz. Já o despachante aduaneiro Ronaldo Guassaloca, 68 anos, de Santos, obteve autorização do seu médico, o urologista Miguel Srougi, de São Paulo, para usar o hormônio. “Faço dosagens de PSA (marcador tumoral para câncer de próstata) e tomo injeções semestrais que me dão mais energia para o trabalho e o sexo porque minha esposa tem 36 anos. Isso é importante para mim”, afirma. O primeiro item da receita, como se vê, é a responsabilidade.

Maquiagem (mulheres e homens): Adilson Vital / Agência First; Produção: NEM (roupa feminina), Y|MAN (roupa masculina); Agradecimentos: Agência Nossa Sra. do Casting e Ativa Assessoria de imprensa.