Ministério Público de São Paulo há tempos anda no encalço de Paulo Maluf. As acusações são sempre as mesmas: pequenas variações sobre o tema movimentação de dinheiro – muito dinheiro – no Exterior. O que não sofre sequer pequenas mudanças são as respostas de Paulo Maluf ao Ministério Público: como o marido da piada, flagrado em adultério pela esposa, ele é veemente na negativa caricatural para toda e qualquer acusação. Mais eficientes que o MP, porém, foram as urnas paulistanas, que no dia 3 praticamente colocaram um fim na carreira do velho político. Para completar o melancólico ocaso, os diálogos entre dois malufistas apresentados nesta edição de ISTOÉ estão sendo acrescentados à tonelada de indícios contra o ex-prefeito e também estão sob investigação do MP de São Paulo.

Gravados por um deles, o ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo Armando Mellão, os diálogos, mais que confissão de culpa, se prestariam como um patético e hilariante roteiro para um absurdo filme sobre o não menos absurdo malufismo. Em volta de uma hipotética oferta de dinheiro para mentir a respeito de um candidato às eleições paulistanas, os personagens vão discorrendo sobre a qualidade e a quantidade dos tapetes persas de Paulo Maluf, sua eventual senilidade – por eles tratada como senectude psíquica –, a estratégia para negociar um dinheirinho que pode estar entre um dólar e três milhões de dólares, e tudo isso com o respeitoso tratamento mútuo de “meu querido”.

Entre elogios ao Oyster Bar, do Hotel Plaza de Nova York, a fortuna de Paulo Maluf é estimada por seus dois correligionários em quase um bilhão de dólares,  enquanto sobram elogios para a prataria de sua casa em São Paulo e críticas  ao seu estado mental: “Ele está ficando meio gagá”, decreta um dos companheiros. A reportagem de Luiza Villaméa está nesta edição e a íntegra dos absurdos diálogos pode ser ouvida no site de ISTOÉ: www.istoe.com.br