07/09/2005 - 10:00
O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), começou a última semana preparando uma enorme pizza. Na sexta-feira 2, enfiou-se no próprio forno. Severino seria o mais novo comensal de um mensalinho de R$ 10 mil pagos pelo concessionário do restaurante do 10º andar do Anexo IV. A denúncia teria como fonte o empresário Sebastião Augusto Buani, dono do Grupo Fiorella, que ganhou a licitação há dez anos. O contrato expira na quarta-feira 14 e não será renovado porque Buani deve R$ 150 mil à Câmara por inadimplência contratual, segundo informou a Mesa Diretora no fim da tarde de sexta-feira.
Buani vinha tentando nos últimos dias, segundo a nota, pressionar a Câmara para renovar o contrato e, ao mesmo tempo, escapar da execução da dívida. “Frustrado em suas pretensões (Buani), procurou revistas semanais para tentar vender histórias sem fundamento, entre as quais a de que beneficiava o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, com pagamentos em dinheiro.” De fato, às 14h17 de quarta-feira 24, a redação de ISTOÉ em São Paulo recebeu um e-mail, assinado por um certo Pedro, identificando-se como “funcionário de uma concessionária que presta serviço na Câmara” e dizendo-se dono de “informações de que quando o presidente da Câmara o dep. Severino Cavalcante recebia propina para renovar contratos com esta empresa”. E fornecia o celular, esclarecendo: “Maiores informações só pessoalmente e a negociar.” ISTOÉ ligou e a pessoa que atendeu, dizendo ser Pedro, avisou: “Não vou mais falar. Já fechei com outro veículo.”
Severino, que passou a tarde com assessores, reagiu em nota: “O sr. Buani mente descaradamente para obter favores”, antecipando-se a ele que diz ter em seu poder um documento, assinado pelo deputado, que lhe asseguraria cinco anos de contrato. O suposto documento, não encontrado nos arquivos da Câmara, “não tem validade jurídica, já que os contratos da Casa são renovados anualmente”. Injuriado, pediu ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos – a quem chamou de José Thomaz Bastos –, para a PF apurar “tentativa de extorsão”. Severino, pelo jeito, não gosta da pizza da Fiorella.
